Durante os dias 19 e 20 de fevereiro, em Brasília, o Observatório Nacional de Saberes e Práticas Tradicionais, Integrativas e Complementares em Saúde (ObservaPICS) realizou oficina para traçar estratégias e plano de trabalho para 2019. Serão criados conselhos gestor e consultivo para seleção e análise de pesquisas e experiências. Para auxiliar gestores e profissionais do SUS, o ObservaPICS deve prioritariamente divulgar modelos e práticas de cuidado exitosas, expor estudos clínicos e outros que possibilitem evidências, apontar perfil de uso nos serviços de saúde e o custo-efetividade da integração das PICS ao modelo biomédico. Além de monitorar e avaliar a implantação das práticas integrativas no SUS, o observatório estará acompanhando mudanças no ensino e na formação profissional, ao mesmo tempo em que irá refletir sobre questões conceituais e epistemológicas do campo.
“A reunião foi bastante produtiva. Discutimos os primeiros dados levantados sobre pesquisadores no país, demandas da coordenação nacional de Práticas Integrativas do Ministério da Saúde como segmento indutor da política de PICS e perspectivas das entidades e articulações que se empenham em organizar e dar visibilidade ao conhecimento na área, como a Biblioteca Virtual em Saúde em Medicinas Tradicionais, Complementares e Integrativas (BVS/MTCI), o Consórcio Acadêmico Brasileiro de Saúde Integrativa, a Rede PICS e o Grupo de Trabalho da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) em Racionalidades Médicas e Práticas Integrativas e Complementares”, avaliou a pesquisadora da Fiocruz Pernambuco, Islândia Carvalho, coordenadora Executiva do ObservaPICS.
Do encontro participaram 20 profissionais e pesquisadores, representantes dessas articulações e que ajudaram na construção do observatório. O ObservaPICS tem base na Fundação Oswaldo Cruz, mas congrega cientistas de diferentes instituições e representantes de organizações que estão voltadas a agregar conhecimento sobre saberes e práticas integrativas.
Monitoramento em favor do SUS
Para Daniel Amado, coordenador nacional de Práticas Integrativas do Ministério da Saúde e expositor na oficina do ObservaPICS, o trabalho do observatório é fundamental para ajudar gestores em diferentes níveis do SUS a fazer suas escolhas, seja replicando experiências exitosas de um município ou Estado, como também apontando evidências e resultados apresentados em estudos. “É importante enxergar o que está acontecendo no SUS, na ponta, e gerar mais perguntas também”, afirma. Segundo ele, a construção da política nacional levou em conta a produção conceitual existente nas universidades brasileiras e no exterior. As PICS são realidade em 92% dos municípios brasileiros e 90% dos procedimentos são feitos na atenção primária, informou.
A pesquisadora Marilene Nascimento, da Universidade Federal Fluminense, em Niterói (RJ), e da coordenação do GT Abrasco de Racionalidades Médicas e Práticas Integrativas e Complementares, afirma que a criação do ObservaPICS é muito importante no atual momento. “As práticas integrativas e complementares foram reconhecidas pelo Ministério da Saúde em 2006 por meio da política nacional e elas vêm se expandindo num ritmo acelerado nos serviços públicos e privados de saúde. A demanda da população tem crescido, assim como a procura de profissionais pela formação nessas práticas”, justifica.
Segundo Marilene, nesse contexto, “o ObservaPICS reúne um grupo de pesquisadores que dará suporte à gestão do SUS, para garantir que o ritmo de implantação das práticas da rede pública aconteça com qualidade e segurança, apontando as tendências e as experiências de sucesso, fazendo avaliação e monitoramento dos serviços, indicando modelos de gestão mais apropriados, processos de trabalho mais exitosos. A estudiosa das racionalidades médicas destaca que o GT Abrasco, representado por ela, o Consórcio Acadêmico Brasileiro de Saúde Integrativa e o ObservaPICS são grupos que se somam para fortalecer e dar base ao crescimento das práticas integrativas no Brasil, como acontece em outros países, a exemplo dos Estados Unidos e da Inglaterra.
Discussão em rede
A oficina do ObservaPICS foi realizada nas dependências da Fiocruz Brasília e reuniu também os pesquisadores Nelson Filice de Barros, do Laboratório de Práticas Alternativas, Complementares e Integrativas de Saúde da Universidade de Campinas (Unicamp), Bernardo Coutinho, da Universidade Federal do Ceará, Verônica Abdala, da BVS/MTCI, Ricardo Ghelman, da Universidade de São Paulo (USP) e diretor-presidente do Consórcio Acadêmico Brasileiro de Saúde Integrativa, Iracema Benevides, da Rede MTCI, os articuladores Neila Lopes, Nicolas Augusto e Gustavo Pozzo, da Rede PICS. Também participaram das discussões Paulo Rocha, da Coordenação Nacional de PICS , além de outros apoiadores e de Fernanda Barbosa e Maria Eduarda Guerra, da equipe técnica do ObservaPICS.