Formação – Curso Saúde e Bem Viver avança entre equipes da APS

Martha Villar Pópez, Live Rede MTCI/2022.

Até agosto de 2025, mais de 2.100 profissionais da Atenção Primária à Saúde (APS) de oito estados (AC, GO, MA, MS, PR, PB, RS, SC) terão concluído o curso Saúde e Bem Viver – Cuidado integral para a saúde mental. São farmacêuticos, psicólogos, agentes de saúde e médicos, entre outros integrantes das equipes de Saúde da Família e Multiprofissionais que participam da formação que vêm estimulando o autocuidado, conscientizando sobre a importância do trabalho em equipe e instruindo na busca de soluções para dificuldades vividas em diferentes territórios.

Tudo isso, sob a orientação de 80 tutores que atuam como facilitadores dos estudantes no processo de aprendizagem. Na retaguarda deles estão coordenadores pedagógicos e coordenadores de articulação territorial. Estes encarregados de propiciar condições para o desenvolvimento do curso junto a instituições das gestões estadual e municipal, e dar apoio e suporte técnico para os tutores.

O objetivo da formação é identificar e avaliar experiências de promoção da saúde mental por meio de tecnologias de cuidado integral, assim como buscar soluções para as dificuldades encontradas nos territórios, promovendo estratégias de avaliação e autocuidado dos participantes. Uma ação do Ministério da Saúde, por meio do Núcleo de Gestão da Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares no SUS, ligado ao Departamento de Prevenção e Promoção da Saúde do Ministério da Saúde (NTG-PNPIC/DEPPROS/MS), o curso é coordenado pelo ObservaPICS, vinculado à Vice-Presidência de Ambiente, Atenção e Promoção da Saúde da Fiocruz (VPAAPS/Fiocruz).

Com 120 horas/aulas – 24 presenciais e as demais com atividades síncronas e assíncronas, focadas no cotidiano do trabalho – o curso tem três momentos. No Cuidar de si os participantes são estimulados a adotar técnicas de autocuidado e Práticas integrativas e Complementares em Saúde (Pics) no ambiente de trabalho. O Viver em equipe aborda a importância do trabalho em grupo, a valorização da diversidade de saberes e práticas, assim como a cultura de cooperação. No Agir no território, os estudantes fazem uma análise crítica do cuidado em saúde desenvolvido no seu território de atuação profissional e elaboram um projeto de intervenção (PI) para melhorar a assistência à saúde.

As propostas devem ser baseadas em experiências práticas, reflexões teóricas e características sociais, demográficas e culturais de cada local. O PI equivale ao trabalho final de conclusão do curso e será apresentado em uma Mostra de Boas Práticas do Cuidado em Saúde Mental e Pics na APS, promovido em cada estado participante. As primeiras mostras estão previstas para junho e as últimas para agosto.

Entre os estudantes do Saúde e Bem Viver, um relato comum tem sido a oportunidade de perceberem a importância do autocuidado e como isso tem refletido em suas vidas. “O maior aprendizado que o curso tem me trazido é o de parar, respirar e pensar no meu autocuidado e autoconhecimento. Passei a refletir sobre minha relação com o trabalho, com as pessoas que me cercam e até com a natureza e o meio ambiente. Passei a ser grata por momentos tão simples, mas cheio de sentido para mim, como passear com meus cachorros. O curso também tem me ajudado bastante a adquirir a habilidade de me expressar em grupo”, destaca Ana Lígia Silveira (foto), da turma 1 da Paraíba, comandada pela tutora Terezinha Paes Barreto.

Outro ponto apontado como relevante é o conhecimento de mais ferramentas de cuidado, além das relacionadas a biomedicina. Agente de saúde há 19 anos, Cristiany Milhomens, da turma orientada pela tutora Natália Castro, organizou na Unidade de Saúde da Família João Severino, seu local de trabalho em Inhumas, Goiás, um evento para apresentar as Pics aos colegas de trabalho e ajudá-los a refletirem sobre o autocuidado. Os presentes puderam fazer escalda pé, musicoterapia, aromaterapia, meditação, dança circular e automassagem.

“Foi incrível ver como essas práticas ajudaram a reduzir o nível de estresse da equipe e mostrar o quanto é importante o olhar para si. Ter o cuidado com o meu eu para que assim possa cuidar do outro. A experiência com as Pics foi uma semente plantada para que aqueles profissionais percebam a saúde de uma forma ampla, envolvendo corpo, mente e espírito, além de fortalecer a relação entre a equipe de saúde e a comunidade”.

A estratégia de ensino adotada no Saúde e Bem Viver faz uso de metodologias ativas, nas quais os estudantes são incentivados a aprenderem de forma autônoma e participativa, por meio de problemas e situações reais, realizando atividades que os estimulem a pensar, terem iniciativa e debaterem, sendo responsáveis pela construção de conhecimento.

Um conteúdo base para a realização da formação pelo ObservaPICS em parceria com coordenadores estaduais do curso e é disponibilizado para todas as escolas de saúde pública no ambiente virtual de aprendizagem (AVA) da Fiocruz. Cada escola de saúde pública tem autonomia para adequar o curso ao seu contexto local com a coordenação da equipe pedagógica do projeto.

Atualmente, o projeto envolve 17 estados em parceria com secretarias estaduais de saúde e escolas de saúde pública. Desses, nove aderiram ao curso na segunda oferta. Eles têm dezembro de 2025 como prazo final para conclusão do projeto: AL, AM, BA, CE, ES, MT, PE, PI, SP.

Martha Villar Pópez, Live Rede MTCI/2022.

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