Saúde é preservar o território de povos tradicionais
Lançada em setembro de 2021, a campanha em defesa dos povos do Cerrado brasileiro conta com a colaboração de pesquisadores da Fiocruz, entre eles, a coordenadora do ObservaPICS, Islândia Carvalho. “As ameaças nessa região colocam em risco a vida em todas as dimensões, sejam elas ambiental, social ou cultural de povos originários. Diversas etnias indígenas estão ali distribuídas, sofrendo pressões que alteram sua saúde e sobrevivência”, afirma. O Observatório dedica-se a estudos e reflexões em torno das medicinas tradicionais de povos indígenas em favor de um diálogo mais próximo com o SUS.
A campanha em defesa do Cerrado se desenvolve no Tribunal Permanente dos Povos (TPP), um fórum internacional de opinião, instituído pela primeira vez em Bolonha (Itália) e que ao longo de mais de 40 anos realizou 48 sessões públicas mapeando situações críticas de repressão a direitos humanos. Pelo menos 50 movimentos e organizações sociais denunciam o ecocídio na região central do Brasil, evidenciado por violações sistemáticas, entre as quais a histórica imposição de grandes empreendimentos em territórios tradicionais, desmatamento, grilagem, incêndios, exaustão hídrica, fome, violências, desmonte de políticas públicas, articulações de fazendeiros e políticos do agronegócio contra os indígenas.
“Alguns pesquisadores da Fiocruz já vinham colaborando com ações do tribunal, destacando-se Aline Gurgel, Islândia Carvalho e André Monteiro, vinculados ao Instituto Aggeu Magalhães (Fiocruz Pernambuco). A participação da Fiocruz na audiência final do tribunal, atendendo a convite da campanha em defesa do Cerrado, cria ambiente propício para formalizarmos uma cooperação da instituição, visando colaborar nas ações estratégicas e prioritárias a serem identificadas nos resultados do tribunal, e complementares a essas, em defesa da saúde e do ambiente”, explica Guilherme Franco Netto, coordenador de Ambiente na Vice-Presidência de Ambiente, Atenção e Promoção da Saúde (VPAAPS) da Fiocruz. Também colaboram com a articulação os pesquisadores da Fiocruz Alexandre Pessoa, da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio, Lorena Covem, da VPAAPS, e Fernanda Savicki, da Fiocruz Mato Grosso do Sul.
No site do ObservaPICS Franco Netto explica a importância em participar da campanha considerando a atuação estratégica da Fiocruz por melhores condições de vida e colaboração para o fortalecimento de políticas de proteção e valorização dos saberes tradicionais em saúde. Saiba mais sobre o TPP em: https://tribunaldocerrado.org.br/