Experiência | ObservaPICS e Ministério da Saúde lançam projeto de apoio a Farmácias Vivas

Uma parceria entre o Ministério da Saúde e a Fundação Oswaldo Cruz vai avaliar Farmácias Vivas habilitadas pelo SUS nas diferentes regiões do Brasil. O projeto Ativa Farmácia Viva, elaborado em 2024, é uma iniciativa do Núcleo de Fitoterapia do Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde, executada por meio do Observatório Nacional de Saberes e Práticas Tradicionais, Integrativas e Complementares em Saúde (ObservaPICS) da Fiocruz.

O trabalho conta com a colaboração da Redesfito, da Fiocruz, e de pesquisador da Universidade Federal de Pernambuco. “Formamos um grupo de trabalho, realizamos oficinas preparatórias e traçamos um plano de atividades que inclui consulta a 88 referências técnicas ou coordenadores de Farmácias Vivas de estados e municípios, seguida de visita a parte das unidades instaladas”, explica a pesquisadora Islândia Carvalho, da Fiocruz Pernambuco e coordenadora do ObservaPICS. Ela lembra que o projeto envolve a produção de evidências práticas sobre conhecimentos técnicos e estuda as tradições locais, além de pensar estratégias para estimular gestores, profissionais, instituições de ensino e comunidade usuária do SUS na promoção e assistência à saúde. Pesquisa nacional feita pelo Observatório mostrou que o uso de plantas medicinais é a prática integrativa mais comum entre os brasileiros, expressada no consumo de chás a produtos da fitoterapia.

O pesquisador Pedro Carlessi (foto), colaborador do ObservaPICS e coautor de pesquisas anteriores do Observatório sobre plantas medicinais no SUS, é um dos coordenadores do projeto Ativa Farmácia Viva. Ele destaca que há uma grande variedade de modos de oferta e uso de plantas medicinais na saúde pública, nem sempre reconhecidos como farmácias vivas nos moldes preconizados pelo Ministério da Saúde. E mesmo aquelas farmácias habilitadas pelo MS são implantadas ou funcionam de formas singulares em razão das especificidades das condições de gestores e profissionais, como também de tradições culturais das comunidades: “Os serviços públicos de fitoterapia são organizações tecnológicas complexas. As farmácias vivas, por exemplo, cuidam do cultivo de plantas medicinais, do preparo e da dispensação de fitoterápicos. Na implementação, cada região tem suas próprias facilidades e desafios. Em um certo município, conduzir o plantio pode ser mais fácil. Em outro, o mais simples pode ser o trabalho no laboratório. Além disso, sua presença nas redes de saúde varia de acordo com o contexto e a força das instituições locais”, detalha Carlessi.

Martha Villar Pópez, Live Rede MTCI/2022.

Etapas

“Na fase inicial, uma amostra de profissionais responsáveis pela implantação das farmácias vivas contempladas pelos editais do Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde (DAF/MS) é convidada a participar de entrevistas virtuais e responder a questionários”, explica Victor Doneida, do DAF/MS. Serão levantadas informações sobre tipo de serviço oferecido, produção e público atendido. Numa segunda etapa, serão selecionados, aleatoriamente, serviços a serem visitados pelos pesquisadores do projeto. “Aprofundaremos as informações coletadas na primeira fase”, explica Pedro Carlessi, pesquisador do ObservaPICS.

Na terceira etapa, estados e municípios serão convidados a participar de seminários nacionais dedicados ao tema e a compor uma rede com centros de referência que promoverá acesso a produtos relacionados ao assunto, a exemplo  de plantas identificadas botanicamente e suporte técnico para projetos e serviços já implantados e em processo de implantação ou de implementação. A expectativa é que as competências geradas pelo projeto beneficiem também outras iniciativas e ações alinhadas ao Programa Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos, contribuindo de modo transversal para o fortalecimento da assistência farmacêutica na saúde pública brasileira.

Pedro Carlessi

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