Com orientações para implantação de Farmácias Vivas em unidades básicas (UBS) do Sistema Único de Saúde (SUS), o guia Modelagem Farmácias Vivas-Jardins Terapêuticos para Implantação em Serviços de Atenção Primária à Saúde no SUS será lançado nesta quinta-feira (24/03), às 15h, em live pelo canal do Observatório Nacional de Saberes e Práticas Tradicionais, Integrativas e Complementares em Saúde (Observapics/Fiocruz), no Youtube. A publicação, em parceria com o Observatório, é resultado do trabalho desenvolvido pelo Laboratório de Práticas Alternativas, Complementares e Integrativas em Saúde (Lapacis) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), em São Paulo, em conjunto com a Secretaria de Saúde de Campinas (SP), para apoio às equipes técnicas municipais. Participam da live os autores, os professores Nelson Filice de Barros e Renata Cavalcanti Carnevale, a coordenadora do ObservaPICS e pesquisadora da Fiocruz Pernambuco, Islândia Carvalho, a coordenadora do Centro de Educação dos Trabalhadores da Saúde de Campinas, Alóide Guimarães e o gestor de projetos em PICS Daniel Amado.
O guia está dividido em seis módulos. No primeiro, é abordada a história de regulamentação das plantas medicinais, fitoterápicos e Farmácia Viva no Brasil. No segundo estão disponíveis 11 etapas para implantação de uma Farmácia Viva-Jardim Terapêutico, desde a organização da equipe responsável pelo projeto até os custos envolvidos. No módulo seguinte foram descritos os benefícios desse modelo de produção de plantas medicinais. O quarto analisa os desafios para a implantação e manutenção da farmácia e apresenta a fitoterapia como possibilidade de diálogo entre diferentes saberes, gerando novos conhecimentos mais humanizados.
A criação da Rede de Farmácias Vivas-Jardins Terapêuticos, descrita no módulo cinco, é uma estratégia de fortalecimento do projeto nos serviços de saúde e nos municípios. Essa rede comunica-se diretamente com a formação da rede de cuidado nos territórios, discutida no sexto módulo, com o cultivo e a distribuição de plantas medicinais para as pessoas interessadas da comunidade. Nesse último também são apresentados relatos de experiências exitosas de Farmácias Vivas-Jardins Terapêuticos em Campinas (SP), como ilustração da formação das redes de serviços e cuidados.
A publicação tem como referência a Farmácia Viva Tipo I, entre as três idealizadas pelo professor Francisco José de Abreu Matos, e utiliza o termo Farmácias Vivas-Jardins Terapêuticos por considerar os locais de cultivo das plantas medicinais um espaço de troca de informações entre o saber tradicional e saber científico das plantas medicinais. “Compreendemos que resgatar saberes tradicionais é um passo fundamental para o futuro do próprio saber científico no campo da saúde, pois ao trazer a população para participar da preparação dos canteiros, cultivo, manejo e uso seguro das plantas medicinais, reduzimos o desperdício de experiências exitosas do passado e desenvolvemos uma cultura de cuidado emancipadora para o futuro”, destaca Barros, um dos autores da publicação.
Modelagem Farmácias Vivas-Jardins Terapêuticos é destinado a trabalhadores da saúde e gestores municipais e estaduais do SUS, visando contribuir para a implantação de farmácias-vivas ou jardins terapêuticos e facilitar o acesso dos usuários às plantas medicinais de forma qualificada. “A construção dessa publicação, coordenada por Nelson Filice e Renata Carnevale, foi um processo importante, pois eles estiveram sempre abertos a ouvir os especialistas que consultamos durante o processo. É papel do Observatório fazer uma análise crítica e colaborativa para que possamos entregar o melhor possível. A Modelagem é um primeiro passo, muito mais flexível do que um protocolo. É um modelo no qual os gestores podem se inspirar para implantação da farmácia viva”, destaca a coordenadora do ObservaPICS, Islândia Carvalho.
A publicação, disponível em poucas versões impressas e no formato digital, poderá ser acessada na conta do ObservaPICS no Repositório Institucional de Dados para Pesquisa da Fiocruz (Arca Dados) e no site do Lapacis a partir de quinta-feira (24/03). Esta é a quinta obra lançada pelo Observatório em parceria com instituições nacionais e internacionais, e com acesso aberto. Outras três têm lançamento previsto para este semestre ainda.