O ObservaPICS lança dia 23 de julho o livro digital Pohã Ñana (Plantas Medicinais): fortalecimento,território e memória Guarani e Kaiowá, mais um produto da pesquisa Práticas tradicionais de cura e plantas medicinais mais prevalentes entre os indígenas da etnia Guarani-Kaiowá, na região Centro-Oeste coordenada pelos pesquisadores Paulo Basta, da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp-RJ), e Islândia Carvalho (Fiocruz Pernambuco), coordenadora do observatório. Além dos dois, são organizadores da publicação Aparecida Benites (Kuñatãi mbo`y arandu) e Ananda Meinberg Bevacqua (Kunãtai tucamby).
“Espera-se que os leitores sejam tocados pelas histórias e palavras apresentadas na publicação, valorizando as práticas tradicionais de cura, assim como o diálogo intercultural no campo da saúde, da cultura e dos direitos humanos no Brasil. A ideia foi registrar o conhecimento tradicional Guarani e Kaiowá, a partir de relatos de experiências ancestrais de rezadores e rezadoras com o uso de plantas medicinais”, explica Basta (foto/divulgação). Ele destaca que a publicação pode ser lida por diferentes públicos, indígenas e não indígenas.
Na introdução, os organizadores explicam que o processo de construção da obra tornou-se colaborativo e participativo no desenvolvimento da pesquisa nos últimos seis anos. “Ao longo de nossa permanência nas comunidades, diversos atores se interessaram pelo tema de estudo, com destaque para anciões, professores, estudantes, profissionais de saúde, entre outros (…) alguns indígenas locais se tornaram protagonistas e nos auxiliaram a aprimorar o projeto original, simultaneamente adaptando-o à realidade local e dando sentido e significado ao povo Guarani e Kaiowá”,escrevem. O trabalho e a interação com a comunidade está registrado em fotografias, que ilustram o material. Pode ser acessado gratuitamente na BVS e aqui, no ObservaPICS.
O livro tem quatro partes: raízes, caule, folhas e sementes.Na primeira (raízes), aborda-se o que Basta chama de “fonte do conhecimento”, rezadores e rezadoras, e a cosmologia, princípios terapêuticos e o xamanismo Guarani e Kaiowá. Na segunda, há um um catálogo, em guarani e em português, de plantas medicinais utilizadas nas práticas de cuidado em saúde nas comunidades, com descrição da coleta botânica das espécies estudadas.”Na terceira parte são descritos os métodos da pesquisa, a importância do território e os aprendizados na interação entre pesquisadores indígenas e não indígenas. Um conjunto de fotos ilustram os trabalhos de campo em cinco aldeias e numa área de retomada, na região Cone Sul (MS)”, explica o pesquisador. A última parte traz os aprendizados de dois jovens pesquisadores,uma indígena e um não indígena, que compartilham a experiência nesse trabalho. E ao final são apresentadas reflexões sobre pesquisas no campo da saúde coletiva com populações indígenas.