Saúde e Bem-Viver avança com formação de tutores nos estados
O projeto Saúde e Bem-Viver: Cuidado integral para a saúde mental entrou em uma nova etapa após a oficina realizada com coordenadores pedagógicos e de articulação territorial em agosto e a seleção de tutores já concluída em cinco (AC, GO, MA, MS, PR) dos dez estados participantes na primeira oferta, até a primeira quinzena de outubro. Ao mesmo tempo que teve início a seleção dos estudantes, o ObservaPICS, coordenador do projeto, e as secretarias estaduais de saúde preparam a formação de 60 horas dos tutores, que ocorrerá em duas etapas. A primeira, com 20 horas, será conduzida pelo Observatório. A segunda, com as demais 40 horas, pelas secretarias em parceria com as áreas técnicas dos estados.
A formação inicial utilizará o ambiente virtual de aprendizagem (AVA)/Moodle da EAD da Fiocruz Pernambuco, parceira no projeto. Serão atividades síncronas (ao vivo) no Webinário Compreendendo Formas de Autocuidado e Saúde Mental, e assíncronas, organizadas em atividades nas quais serão apresentadas reflexões, proposições e materiais (vídeos, spots, textos), visando inspirar e potencializar a prática do bem viver nos territórios.
A primeira turma de tutores a ser capacitada pelo ObservaPICS, de 29 a 31 de outubro, reunirá 42 profissionais do Acre, Goiás, Mato Grosso do Sul e do Maranhão. De 11 a 14 de novembro serão os tutores do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Os da Paraíba, Piauí e Amazonas fazem a instrução com o Observatório de 25 a 29 de novembro. A formação dos tutores pelos estados ocorrerá em períodos a serem estabelecidos por cada uma das escolas de saúde pública. No Acre, por exemplo, onde 20 dos 22 municípios aderiram ao projeto, o treinamento será nos dias 7 e 8 de novembro, presencialmente, na capital Rio Branco.
Estrutura do curso, saúde mental e autocuidado, viver em equipe, metodologias ativas e o Arco de Manguerez, conceito de bem viver no território e modelos de cuidado em saúde são os temas a serem trabalhados com os tutores, nas 60 horas, de acordo com a estrutura curricular definida pela coordenação pedagógica do Saúde e Bem-Viver. “A metodologia problematizadora, utilizada no curso, promove a articulação das experiências no território”, explica a coordenadora do ObservaPICS e pesquisadora da Fiocruz Pernambuco, Islândia Carvalho. “A perspectiva é valorizar as experiências e ações do território, articulando conhecimentos práticos e evidências científicas para resolver os problemas identificados pelos profissionais da Atenção Primária à Saúde (APS)”, detalha.
A escolha dos estudantes do curso, outra etapa já em andamento em alguns estados, foi realizada em articulação entre escolas e secretaria estadual de saúde, tendo sido discutido nas comissões intergestores bipartite de cada estado por realizar seleção. No Maranhão, os tutores foram definidos a partir de um projeto anterior que visa fortalecer a planificação da Atenção Primária à Saúde no estado e, consequentemente, os estudantes foram selecionados a partir de articulação com os gestores municipais que apoiaram o projeto. Participam profissionais de saúde da APS que atuam nas chamadas unidades laboratório, ou seja, aquelas onde são testadas novas metodologias que possam ser expandidas para outras regiões do estado.
Também cabe às secretarias definir os critérios de distribuição das vagas. No Paraná, a disposição das 300 vagas é proporcional ao quantitativo de município com até 70 mil habitantes por macrorregião de saúde e de acordo com os dois critérios: número de equipes da Estratégia de Saúde da Família (ESF) maior ou igual a três e 100% de cobertura, conforme os dados do e-Gestor AB. O conteúdo a ser trabalhado com os estudantes foi validado com os estados na Oficina de Formação de Coordenadores Pedagógicos e de Articulação Territorial realizado de 20 a 22 de agosto, no Hotel Canarius, no Cabo de Santo Agostinho (Região Metropolitana do Recife). Todo o material que será utilizado passou por um processo de curadoria que envolveu a equipe técnica do Projeto Saúde e Bem Viver, coordenadores pedagógicos e de articulação territorial e referências técnicas em Pics que se voluntariaram a participar desse trabalho. No dia 30 de outubro ocorrerá a live de lançamento do curso.
A proposta do curso Saúde e Bem-Viver, destinada a integrantes de equipes multiprofissionais (eMulti) e da ESF, é identificar e avaliar experiências de promoção da saúde mental com Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (Pics), assim como buscar soluções para as dificuldades encontradas nos territórios promovendo estratégias de avaliação e autocuidado dos participantes.
Povos originários nas Américas
Segundo o documento Impacto da Covid-19 nos Povos Indígenas da Região das Américas: Perspectivas e Oportunidades, publicado em 30 de outubro de 2020 pela Organização Pan-Americana de Saúde, “a Região das Américas caracteriza-se por sua riqueza multiétnica e multicultural: aproximadamente 54,8 milhões de pessoas indígenas habitam a América Latina e o Caribe, e 7,6 milhões, a América do Norte”.
A Opas/OMS chamou a atenção dos Estados da região para “oferecer recomendações gerais de políticas públicas que contribuam para prevenir, controlar e reduzir a transmissão da doença nessas populações e em seus territórios a partir de um enfoque étnico e intercultural.” Essa preocupação vem mesmo de antes da pandemia de Covid-19.