Estudos de efetividade e de segurança são importantes para validar as práticas integrativas e complementares no Sistema Único de Saúde (SUS), defendeu a coordenadora do ObservaPICS, pesquisadora Islândia Sousa Carvalho, da Fiocruz Pernambuco, durante o 1º Encontro Saúde Integrativa, Perspectivas e Desafios Contemporâneos (SULPICs) e o 3º Seminário de Práticas Integrativas Complementares do Grupo Hospitalar Conceição (GHC), realizados na Unisimos, em Porto Alegre (RS), no dia 23 de outubro.

 “As PICS são estratégicas para o cuidado em saúde, no entanto devemos manter atenção para o que estão chamando de práticas integrativas. Sabemos hoje que o mercado tem se utilizado dessa nomenclatura e precisamos ficar atentos aos estudos de efetividade e de segurança”, enfatizou.

A coordenadora do ObservaPICS argumenta que a implementação de uma prática integrativa e complementar em saúde exige que a mesma desenvolva efetividade e seja acessível. “Isso quer dizer que se uma prática tem patente e não é acessível não é estratégica para o sistema de saúde pública”, explicou em conferência nos eventos gaúchos.

“Na perspectiva de integralidade, o cuidado em saúde precisa  levar em conta o contexto onde as pessoas vivem e as PICS funcionarem como base para emancipação.   Pensar na meditação ou no uso de florais nos territórios com violência e no trabalho é importante porque produz potência de vida. Mas não podemos esquecer das condições de vida e de trabalho adoecedoras”, completou.   Para  Islândia,  se as práticas integrativas forem utilizadas “apenas como um remédio, tornam-se medicalizadoras”, daí “precisamos pensar como podemos mudar para se integrar e fazer junto, a desacomodação é importante” .

Medicina tradicional brasileira

Dentre os desafios da mediação entre o convencional, o tradicional e o integrativo, lembrou da necessidade de sistematizar a medicina tradicional brasileira. “Temos muito a aprender com o conhecimento das diferentes etnias no Brasil e construirmos um sistrema de saúde que respeite a diversidade e a pluralidade.”

Organizado em parceria de instituições, o 1º SULPICS e o 3º Seminário de PICS do GHC promoveram debates sobre as práticas integrativas e complementares na rede pública de saúde, reunindo representantes de diferentes instituições.  A promoção foi do Laboratório de Estudos em Saúde Integrativa do Mestrado Profissional em Enfermagem da Unisinos (Labesi/Unisinos) e do Grupo Hospitalar Conceição, ligado ao Ministério da Saúde, por meio do Grupo de Trabalho de Práticas Integrativas e Complementares em Saúde. Deram apoio o Consórcio Acadêmico Brasileiro de Saúde Integrativa, a Rede MTCI Américas/Bireme/OPAS, a Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre, o Instituto Metodista de Porto Alegre, a Universidade Federal de Santa Catarina, a Associação Brasileira de Enfermagem do Rio Grande do Sul, além dos Conselhos Federal de Enfermagem, Federal de Farmácia,  Regionais de Enfermagem e de Farmácia.

No diretório do CNPq

Islândia Carvalho representou o ObservaPICS, expondo, também, na conferência, o trabalho de articulação que o observatório vem promovendo desde o final de 2018 para aproximar os campos empírico e científico. Ela apresentou as dimensões dessa atividade, seus objetivos, valores e modo de governança. Na ocasião, mostrou o recente mapeamento desenvolvido pelo observatório que investiga 494 grupos de pesquisas no diretório do CNPq e avança com dados qualitativos, além das estratégias adotadas para informar melhor profissionais, gestores e usuários do SUS sobre PICS, com boletim quadrimestral e canais de divulgação na internet.