Criado em 2017, o Consórcio Acadêmico Brasileiro de Saúde Integrativa já cadastrou mais de 600 pesquisadores de 60 universidades brasileiras, um número que deve crescer, conforme expectativa do presidente da Instituição, médico e pesquisador Ricardo Ghelman, professor-colaborador e coordenador da Unidade de Pediatria Integrativa do Instituto da Criança do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP). Ele concluiu pós-doutorado pelo Programa de Neurociências da Universidade Federal de São Paulo na área de dor crônica com tratamento multimodal antroposófico.  “Recentemente, instituições como universidades e sociedades demonstraram interesse em cooperação técnico-científica e estamos em entendimento com entidades internacionais”, informa.

Para desenvolver o consórcio brasileiro foi constituída uma diretoria que se reúne semanalmente composta pelos professores Ricardo Ghelman (USP), Nelson Filice de Barros (UNICAMP), Carla Holandino (UFRJ),  Bernardo Coutinho (UFC),  Anamelia Lins e Silva Franco (UFBA), Ana Tania Lopes Sampaio (UFRN), além dos conselheiros fiscais, também professores Caio Prado (UAM), Gelza Nunes (UFMG) e René Duarte Martins (UFPE).

Segundo Ghelman, desde a criação, o consórcio se alinhou com  a Rede BVS/ MTCI Américas (Biblioteca Virtual em Saúde em Medicina Tradicional, Complementar e Integrativa), que conta com a presença de 14 países além do Brasil. “Nos reunimos mensalmente com esta rede latino-americana e trabalhamos muito alinhados com Verônica Abdala, gerente de Serviços Cooperativos de Informação e de Produção de Fontes de Informação da BIREME, Natália Sofia Aldana Martinez, editora general BVS/ MTCI Américas, e Daniel Gallego-Perez, consultor da OPAS/OMS. Os portais das duas entidades estão integrados”, afirma.

 

O grupo de pesquisadores brasileiros em saúde integrativa está alinhado também a dois outros consórcios na área, o Academic Consortium for Integrative Medicine and Health, nos Estados Unidos, e o Consórcio Holandês. “Tivemos  reunião com representantes de dois institutos do NIH nos EUA, o National  Center for Complementary and Integrative Health (NCCIH), destinado especificamente à pesquisa em nossa área, assim como o National Cancer Institute (NCI-NIH), na cooperação em oncologia integrativa”, revela Ghelman. Há contatos ainda com o grupo da Universidade Technion (Israel), em cursos on-line de plantas medicinais voltados a pacientes oncológicos, e com o grupo australiano que sediará o próximo Congresso Internacional de Medicina Integrativa, em maio de 2019, acrescenta.

Como o campo das PICS transpassa a área das ciências da saúde, da economia, das ciências sociais, da cultura,  todos pesquisadores que estudam essas práticas e saberes tradicionais são bem-vindos de forma interdisciplinar ao consórcio.

Incentivo a programas de pesquisa acadêmica

Para Ghelman, há um conjunto de desafios a serem superados nas pesquisas sobre PICS no Brasil, do financiamento restrito à falta de tradição em projetos científicos. “É necessário aplicar metodologias de pesquisa quali-quantitativas que permitam abranger a dimensão mais ampla de saúde que fundamenta o modelo integrativo de cuidado”. Ele também cita “o isolamento e a desarticulação de cada grupo de pesquisa com relação ao movimento nacional e internacional, além da escassez de revistas científicas na área”, como dificuldades. Daí a importância do Consórcio, que aglutina os grupos interessados em expandir os estudos nesse campo.

“O consórcio considera que as pesquisas devam ser realizadas em ambiente acadêmico, ou seja, através de programas de pesquisa nos cursos de graduação (iniciação científica) e na pós-graduação, com dissertações de mestrado e teses de doutorado e pós-doutorado, além de estudos multicêntricos com colaboração internacional quando possível. Queremos, como consórcio, possibilitar que grupos de pesquisa se conectem e desenvolvam estudos cooperativos para estimular a produção científica de forma crescente e com qualidade.

Junto ao Portal MTCI Américas  o objetivo é auxiliar o levantamento de dados na literatura e facilitar o encontro de pesquisadores em áreas específicas das PICS, permitindo comunicação direta”, explica Ricardo Ghelman.