Com apoio do Observatório Nacional de Saberes e Práticas Tradicionais, Integrativas e Complementares em Saúde (ObservaPICS), o Instituto de Comunicação e Informação em Saúde (Icict), também da Fiocruz, lançou nesta terça-feira (25/08) a pesquisa Uso de Práticas Integrativas e Complementares no Contexto da Covid-19 (PICCovid). Trata-se de um estudo nacional, o mais amplo já realizado para avaliar o uso das práticas pela população brasileira durante o isolamento social provocado pela pandemia do novo coronavírus.

Um questionário online, que poderá ser respondido por qualquer pessoa (indivíduos com ou sem sintomas de Covid-19, profissionais de saúde, terapeutas, etc.), vai levantar informações sobre a experiência com as práticas integrativas tanto para o tratamento de sintomas da Covid-19 quanto para outras doenças e promoção da saúde. Recursos preventivos e terapêuticos, as PICS – como acupuntura, meditação, ioga, homeopatia, musicoterapia, plantas medicinais, reiki, entre outras – auxiliam, no SUS, na promoção da saúde, integrando a medicina complementar.

Segundo o Icict, apesar do recorte temporal, o estudo “também servirá para traçar panorama amplo e pormenorizado sobre o uso dessas práticas no Brasil”. As práticas integrativas têm sido usadas durante a pandemia como suporte à qualidade de vida, forma de autocuidado para equilíbrio mental e emocional, orientadas no SUS sem imposição ou proposta de substituição de condutas ou protocolos definidos pela comunidade cientifica para tratamento da Covid-19.

FORTALECER A REDE DE PESQUISA MULTIDISCIPLINAR

“Queremos identificar como tem sido o uso dessas terapias diante de sintomas da Covid-19, ou se as pessoas estão fazendo uso por causa de alguma outra doença crônica, ou mesmo como forma de autocuidado neste momento de isolamento. As PICS têm ótimos resultados na saúde mental, para sintomas como ansiedade, insônia e estresse intenso, bastante comuns durante o isolamento”, descreve Cristiano Siqueira Boccolini, pesquisador em saúde pública do Laboratório de Informação em Saúde (LIS/Icict), responsável pelo desenvolvimento da pesquisa em parceria com a pesquisadora Patrícia de Moraes Mello, professora da Faculdade de Medicina de Petrópolis (FMP/Unifase). O trabalho conta com a  colaboração de Cristina Rabelais, também pesquisadora do LIS/Icict.

Patrícia de Moraes Mello  espera “que os resultados da investigação contribuam para fortalecer a rede de pesquisa multidisciplinar para estudo e uso das PICS, trazendo à luz algumas evidências sobre padrões de uso de determinadas práticas”.  Segundo ela, o grupo responsável pelo estudo acredita que o projeto deve incentivar profissionais a se capacitarem em PICS. “O Ministério da Saúde já oferece cursos de Educação à Distância (EAD) para vários tipos de práticas”, complementa. No Brasil há 29 modalidades reconhecidas no SUS, dentre elas a acupuntura, a homeopatia, a ioga e o reiki.

“Pretendemos atingir pessoas de todos os segmentos, de diferentes classes sociais, regiões geográficas, faixas etárias, de gênero,  montando um panorama bastante completo e representativo do país. E ao final faremos o balanceamento e calibragem dos questionários respondidos, para garantir uma representatividade da realidade brasileira”, afirma Cristiano Boccolini.

QUESTIONÁRIO

O questionário conta com 40 perguntas e leva cerca de dez minutos para ser respondido. Levanta  características sociodemográficas (idade, tamanho dos domicílios, cidade, renda, trabalho, por exemplo), situação de cada pessoa antes e durante a epidemia de Covid-19 e o estado de saúde: se ele tem ou teve sintomas da infecção pelo novo coronavírus, se possui alguma doença crônica, se está grávida (no caso das mulheres), se utilizou algum atendimento médico no período e como foi esse atendimento (no SUS, na rede privada, se foi por telemedicina, se teve alguma prescrição de remédios, se fez uso de ervas medicinais ou vitaminas e se utilizou alguma das 29 PICS reconhecidas no SUS). Deve ser distribuído a pesquisadores que trabalham com diversos temas e não somente PICS, em cada um dos 26 estados e no Distrito Federal. Eles deverão encaminhar a pesquisa para suas redes de contatos. Quem receber o questionário será estimulado também a redistribuir o material. Além disso, o link está disponível no site do Icict, para que qualquer pessoa possa acessá-lo. Os responsáveis pelo estudo esperam dezenas de milhares de respostas de todo o Brasil até o final de setembro. A previsão é concluir o relatório final em meados de outubro deste ano.

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