O que é a copaíba, quais espécies têm ação comprovada e quais suas utilidades são algumas das informações disponíveis no Guia das copaíbas: pra quê serve?, uma publicação apoiada pelo ObservaPICS e disponível aqui no site. O guia escrito pela doutoranda em imunologia e parasitologia aplicadas da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) Mariana Santiago e pelos professores Raquel Alves dos Santos, da Universidade de Franca (SP) e Carlos Henrique Martins, da UFU, tem como público alvo usuários e comerciantes do óleo da copaíba. A proposta é divulgar entre eles, as propriedades farmacológicas de nove diferentes tipos de copaíba, que podem ser usadas para combater inflamações e proteger de bactérias, parasitas e vermes, entre outros benefícios.

A ideia de escrever o guia surgiu por perceberem em trabalho junto a vendedores do óleo da copaíba que eles desconheciam a existência de vários tipos dessa planta encontrada de Norte a Sul do Brasil e que eles misturavam os óleos para venda, desinformados das diferentes características das espécies, segundo Martins, estudioso do poder antimicrobiano de plantas medicinais. “Fizemos o guia e submetemos o material a 20 avalistas com o objetivo de verificar se a linguagem se adequava ou não para entendimento de populares, de leigos sobre a copaíba”, explica o professor.

O apoio do Observatório à publicação se deu por meio do projeto Repare, que tem como objetivo produzir e estimular pesquisas sobre plantas medicinais e fitoterapia em parceria com outras unidades da Fiocruz, universidades e gestores do Sistema Único de Saúde (SUS). De acordo com a coordenadora do ObservaPICS, Islândia Carvalho, o guia foi uma oportunidade de diálogo com pesquisadores e gestores, além de ter buscado atender as diferentes perspectivas de linguagem, sendo um importante aprendizado para os envolvidos.

“Percebemos que estamos no caminho certo ao buscar amadurecer a interação com a sociedade e ao transformar os resultados de pesquisa em tecnologias sociais e ou publicações que permitam maior disseminação da ciência. Uma das falas do Carlos que sempre esteve presente nas nossas conversas era o fato de querer fazer a devolutiva junto aos raizeiros, vendedores e feirantes, pessoas que têm um importante conhecimento empírico, mas que não têm o apoio cientifico necessário. A cartilha é um pequeno exemplo de disseminação e de diálogo dos pesquisadores com o conhecimento popular, espero que esse exemplo possa estimular mais cientistas”, afirma Islândia.

Para Mariana Santiago, uma das autoras da publicação, o lançamento desse material voltado para a população em geral ocorre num momento importante, no qual a ciência está em descrédito por causa do negacionismo e das fake news. “A comunidade precisa saber o que fazemos nas universidades e nos centros de pesquisas. Entender a amplitude do nosso trabalho, que gera respostas, entendimento, conhecimento, que pesquisa é um processo lento”, ressalta. O Guia das copaíbas: pra quê serve? ganhou versões em PDF e impressa no final de 2021, ano em que a Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos (PNPMF) completou 15 anos.

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NOME POPULAR – Copaíbas são árvores grandes, popularmente conhecidas por diferentes denominações, como bálsamo-de-copaíba, copaíba-da-várzea, cupiúva, oleiro, óleo-vermelho e podoi. Na base de dados Trópicos (www.tropicos.org) há 96 espécies registradas. No Brasil existem 32,  distribuídas de Norte a Sul. A copaíba mais conhecida no país é a Copaifera langsdorffii, que é usada para tratar inflamações, no combate a doenças de pele, protege as células do estômago e ajuda na cicatrização, entre outras serventias.